quinta-feira, 9 de julho de 2009


Enquanto não sai o press oficial da prova, publicamos aqui um texto que nos chegou por mail da equipa 17 - Moinantes e que gostava-mos de aqui partilhar:



Este Julho foi já presenteado com a 2ª etapa do WTC (Waypoint Trail Chalenge), uma prova empolgante que tão bem recebe qualquer participante e nos faz guardar as mais belas imagens de Portugal.
Aconteceu assim, desta vez, na Pampilhosa da Serra, e, conhecendo a Pampilhosa de nome e pelos motivos errados, queremos partilhar a descoberta: que sitio fantástico, não podia tê-lo conhecido de melhor forma.
Com um reconhecimento sabiamente elaborado, os waypoints propunham a descoberta de segredos próprios de um guia local.
Este é um território de carácter forte, uma paisagem intensa de vales fragosos entre montes arboreados e cúmplices, numa dança encadeada de promontórios altos que se afastam à passagem dos protagonistas Zêzere e Unhais.
De tudo isto bebemos nestes dias, ligando waypoints, por entre trilhos escondidos que conquistaram os montes, caminhos rojos ora nas margens á cota da água, ora nos festos vislumbrando o todo, alguns até cruzando vales e linhas de água.
Percorremos e explorámos o vale serpenteado que o Zêzere inunda, ora numa margem ora noutra, perscrutámos os vales e montes desta topografia abrupta, alternado entre festos e linhas de água - entre a visão global da paisagem e troços de rio emoldurados por árvores - num frenesim entusiástico de competição, até à Albufeira de Cabril onde o silêncio impera e nos ordena suspender a prova por instantes e contemplar – pare, escute e olhe.
Para o nosso desempenho tínhamos outras expectativas. A primeira etapa em Gouveia, ainda que embrulhada em cómicos percalços de estreantes, fora promissora e portanto para a Pampilhosa adivinhava-se melhor - não éramos já estreantes e trazíamos ensinamentos da experiência passada. De facto voltámos a rir de nós próprios: má estratégia de prova, navegação arcaica e impensada com base apenas numa carta militar dos anos 60 e ainda uma preparação leviana que culminou num furo à hora de chegada e deitou por terra qualquer ilusão de boa classificação, levantando até alguns arrufos domésticos que rapidamente se desfizeram em gargalhadas quando do pneu nasceu uma broca de 8cm! Que furo respeitável… e persistente. Foi preciso vários calços de diferentes origens e o somatório da vasta experiência de 5 camaradas, que se aprontaram a resolver o problema aos novatos, com técnicas verdadeiramente criativas repetidas uns quilómetros à frente.
Já bem-dispostos, escoltados até ao acampamento em Pessegueiro, fomos brindados com um festejo animado num lugar surpreendentemente acolhedor. Num relvado iluminado à beira de um açude, pontuado por cabanas de madeira e árvores de fruto, cuidadosamente projectados para acolher conterrâneos e forasteiros, esperava-nos um fabuloso jantar numa bela noite de Verão. Ali ficámos a saborear, rindo, a ouvir histórias de desconhecidos e partilhar experiências e ambições de quem em comum tem o gosto de inventar rotas e trilhar caminhos em duas rodas. Encerrámos o primeiro dia em grande num afinado concerto de karaoke, junto dos elementos mais resistentes desta prova, pessoal animado para quem a festa nunca acaba – os últimos a deitar e os primeiros a levantar - não fora despertarem-nos repetiríamos a façanha de Gouveia, acordar assarapantados de tenda isolada ao som das motas na partida.
O segundo dia trouxe-nos mais alguns desafios e prazeres geográficos e terminou num almoço simpático recapitulando waypoints e contratempos da prova, trocando fotos vídeos e contactos, entre participantes que se vão conhecendo nestas lides.
Foram dois dias completamente cheios, daqueles por que vale a pena esta vida. Não faltaremos à próxima, certamente que as oportunidades não são para desperdiçar.


Lisboa, 8 Julho 2009
Inês Carvalho e Rodolfo Gonçalves

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